“Isso mesmo, nasceu não em berço de ouro, mas com uma tela de ouro nos dois olhos. Devo saber o que estou dizendo, fui eu que nasci com uma tela de ouro nos olhos. A tela era a do cinema, e a primeira coisa que vi apareceu como fumaça nos olhos, uma imagem cinza e nublada como fumaça que passava não pela plateia, mas pela tela. Como sabemos, a visão do cinema está nos olhos de quem vê”. Para o escritor Guillermo Cabrera Infante (1929-2005), a sétima arte era tão instigante quanto a literatura. Por isso, ele resolveu transpor para o papel todos os pensamentos sobre o cinema, num processo, na maior parte das vezes, inverso ao do que costuma acontecer. É o cinema inspirando a literatura. Uma paixão mesclando-se a outra.